sexta-feira, junho 16, 2006


Scolari

Xerife, sargentão, teimoso e até fraude são epítetos com que a habitual má-língua portuguesa tem brindado o treinador brasileiro ao serviço da selecção nacional.

Se alguns destes são inocentes, já outros se devem, sem dúvida, à perda da nefasta influência que algum dirigismo clubista desportivo detinha sobre a chamada "equipa de todos nós".

Se se pode questionar algum populismo que Scolari usa na comunicação causando uma estranha onda de nacional-futebolismo, já o modo como "grupo de trabalho" está (re)unido à volta do seu líder é pouco usual no panorama do futebol português e mérito total daquele. De facto, o discurso de todos os jogadores, sem excepção, com os mais carismáticos à cabeça, demonstra à saciedade a capacidade de liderança e o apreço pelo trabalho de Scolari.

"Pai" (Petit e outros) , "melhor treinador que alguma vez tive" (Figo) e "uma eventual saída de Luiz Felipe Scolari do comando da Selecção Nacional representaria dar não um mas dez passos atrás" (Costinha), evidenciam a maestria com que Scolari soube constituir um grupo na verdadeira acepção da palavra. A valorização individual, como efeito da primazia do colectivo, sobressai e sobrevive a todas as rasteiras que têm sido sucessivamente passadas aos entrevistados nos períodos de declarações à imprensa.

Adivinham-se as rezas (e as peregrinações prometidas) ao insucesso deste grupo que veste na Alemanha a camisola de todos. Para que Scolari não continue a fazer-lhes sombra...aos xerifes.